terça-feira, dezembro 19, 2006

Revólver

Agradeço-te a lembrança, avô:
deixaste-me o revólver na mão,
está empenado o gatilho,
tem ferrugem o cão,
o serviço, com balas deste calibre,
não é garantido
(escusavas de o ter comprado ao cigano
que bebia contigo),
mas criança alguma poderá estragar
o pessimismo deste poema,
ou vir a tempo de evitar o seu desfecho
- rindo, por exemplo, no recreio da escola.

[rui lage
[revólver, quasi, 2006