quarta-feira, outubro 11, 2006

Lentamente, é claro, a unha se afasta da carne de seu dedo.
Não, diz. Mas insisto. E com certa força.
As duas superfícies afastando-se um pouco mais.
Não, repetia. Um não diferente do primeiro.
Diferente na entonação. E provavelmente no sentido.
Chega, diz então. Talvez gritando.
As superfícies mesmo assim e ainda distantes.
Sinto muito. Já não é possível te ouvir. Digo
então para que poupe força. Sim, aqui os
instrumentos. Mas, veja, prefiro mesmo as mãos.
Insisto, voz inalterável: não é preciso que diga mais nada.
De novo um pouco de força entre a unha e a carne.
Sinto muito. Não podemos te ouvir. É assim mesmo.
Esqueça os nomes: gosto mais quando já não é possível ouvi-los.

1 Comments:

At 23.10.06, Blogger Ana Carolina Braz said...

isso é muito bom.

 

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