sexta-feira, dezembro 29, 2006


Desta temporada portuguesa, muitos livros têm me impressionado. Principalmente devido a certa preocupação na nova poesia portuguesa de contar alguma coisa de forma quase biográfica. Isso, se realmente algo puder ser quase biográfico. Muitos são os autores que lidam com isso. Um deles, Carlos Bessa, que eu já tinha lido na antologia d'Os poetas sem qualidades, para mim tem algum destaque. Até porque, acho, parece saber muito bem o que está fazendo, sem no entanto deixar que isso atrapalhe e emperre seus poemas. Do livro "Em trânsito", de 2003, tiro esse texto aí de baixo, o de abertura do livro.
(leonardo)
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Presépio
Quero pensar que foi uma lesão da infância
A poesia, assim como o horror de ficar no escuro
Olhar lambido, já saliva de vivendas
Cruz de pomares pinhais quintais ou
A avançar por oleosos e negros carris
Com navalhas meticulosamente
Postas em fio nas oficinas
De vizinhos dados ao artesanato.
Talvez ela, a poesia, seja isso
Defender a ingenuidade que se encontra
Num bolso antigo
Em nome de amantes e de amigos
Perdidos ao sabor de nada.

2 Comments:

At 29.12.06, Blogger Ana Carolina Braz said...

Leo! Leo! Eita você já está lá! Beijos grandes e feliz ano novo, Carol.

 
At 29.12.06, Blogger Pesa-Nervos said...

Gostei disso, sobretudo do seu texto, estou por aqui, abração, Franklin

 

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