sexta-feira, julho 13, 2007

O ladrão itinerante

Não é difícil achar
o ladrão itinerante
ele habita nosso lar
intermitentemente
vai e vem como se fosse
amigo íntimo da gente
e seu silêncio transcende
o mais ancestral silêncio
suas mão são de veludos
e tem de borracha os pés
porém acima de tudo
é brasileiro que nem eu
ele surge de repente
dependurado na estante
logo após está ao lado
do cúmplice criado-mudo
some e reaparece diante
de um (caro) estudo de peras
parte na sexta e promete
regressar segunda-feira
é brasileiro que nem eu
e dorme porém em suma
talvez nossa pátria seja
esse outro país enorme
entre alguma hora e hora alguma

João Moura Jr.,
Páginas amarelas

3 Comments:

At 13.7.07, Anonymous Anônimo said...

Esse poema é um espetáculo. Salut!

 
At 13.7.07, Blogger Nonato Gurgel said...

Salut, igualmente.

 
At 22.7.07, Blogger Silvia Chueire said...

é mesmo bom.

beijos,

silvia

ps: tenho aqui algo que talvez te interesse. basta escrever. : )

 

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