O ladrão itinerante
Não é difícil achar
o ladrão itinerante
ele habita nosso lar
intermitentemente
vai e vem como se fosse
amigo íntimo da gente
e seu silêncio transcende
o mais ancestral silêncio
suas mão são de veludos
e tem de borracha os pés
porém acima de tudo
é brasileiro que nem eu
ele surge de repente
dependurado na estante
logo após está ao lado
do cúmplice criado-mudo
some e reaparece diante
de um (caro) estudo de peras
parte na sexta e promete
regressar segunda-feira
é brasileiro que nem eu
e dorme porém em suma
talvez nossa pátria seja
esse outro país enorme
entre alguma hora e hora alguma
João Moura Jr.,
Páginas amarelas
3 Comments:
Esse poema é um espetáculo. Salut!
Salut, igualmente.
é mesmo bom.
beijos,
silvia
ps: tenho aqui algo que talvez te interesse. basta escrever. : )
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