Invenção do nada
Não reparei
enquanto aqui escrevia
que nada resta do mundo
excepto a minha mesa e a cadeira.
E por isso disse:
(por que raio, para abusar da paciência)
É esta a taberna
sem um copo, vinho ou criado
onde sou o bêbado que há muito esperam?
A cor de nada é azul.
Eu bato-lhe com a mão esquerda e a mão desaparece.
Então porque estou tão sossegado
e tão feliz?
Eu subo para a mesa
(a cadeira já desapareceu)
eu canto pelo gargalo
de uma garrafa de cerveja vazia.
[charles simic
trad. josé alberto oliveira
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