Saul e David tocando diante dele
Saul está fechado no palácio de seu silêncio,
cativo da melodia de seu pagem e inimigo.
A curva da harpa é um pórtico fechado
que não o deixa entrar no vergel melodioso.
E as finas mão de David entre as múltiplas cordas
são como claros pássaros do outro lado das grades,
seu vôo se aproxima e afasta, alternativo.
Vôo elevado, vôo longo e saudoso,
levado pela quimera
até a porta do cântico.
E Saul escuta-o, com sangue nas têmporas,
atira a lança que vibra no espaço
e enterra-se
na parede.
E Saul ficou de mãos vazias.
dan paguiz (1930-1986)
trad. cecília meireles
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